Padre José de Anchieta: história de fé e dedicação

A influência de São José de Anchieta para o sudeste do Brasil pode ser encontrada em diferentes cantos. Padre jesuíta nasceu na Ilha Tenerife, arquipélago das Canárias, na Espanha, e em 1551 ingressou na Companhia de Jesus, em Portugal. Somente dois anos mais tarde, seu Sim à Deus o levaria para o outro lado do Atlântico. 

Chegou no Brasil em julho de 1553 e viveu nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Um mês após o natal de 1553, em 25 de janeiro de 1554, ao lado de Pe. Manoel da Nóbrega, o Padre espanhol celebrou a missa de inauguração de uma pequena escola em Piratininga, que acabou por ser uma grande incentivadora para o surgimento de um povoado ao seu entorno, batizado por Anchieta de São Paulo

Para quem ama um museu, um dos pontos turísticos mais visitados de São Paulo é o Museu Anchieta, localizado no Patteo do Collegio, inaugurado em 1979 para resgatar a memória do papel dos jesuítas para a cidade. Lá você vai encontrar duas paredes dos séculos XVI e XVII preservadas e um lindo e vasto acervo de arte religiosa e sacra desde o século XVI até meados do século XX. Vale a pena visitar!

Além da cidade de São Paulo, viveu em São Vicente (SP), onde foi enviado com a missão de catequizar os povos indígenas da região e aprendeu a língua Tupi. Foi professor dos noviços que embarcaram na Companhia de Jesus no Brasil e foi autor da primeira gramática em Tupi-guarani, em 1595.

Gramático e professor, Anchieta ainda foi poeta, linguista, historiador, dramaturgo e, claro, catequista. À época atuou como ferrenho opositor aos abusos cometidos pelos colonizadores portugueses contra os povos indígenas. 

Mas sua história não acabou por aí. Em 1569, após sua ordenação, Padre José de Anchieta fundou o povoado de Reritiba, atual município de Anchieta localizado no Espírito Santo. A cidade capixaba foi sua última morada na Terra, onde faleceu em 9 de junho de 1597. Em sua homenagem, a igreja de Nossa Senhora da Assunção integra o Santuário Nacional de São José Anchieta: conjunto arquitetônico do período colonial brasileiro que conta um pouco da vida do Santo. 

O Santuário Nacional de São José de Anchieta passou por uma grande reforma de três anos e foi reinaugurado em 2021. Agora, o monumento religioso tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1943, e um dos mais importantes do país, conta com digitalização do acervo histórico, climatização e sistema de segurança. Além disso, você encontra um Café, Paisagismo Cultural, Centro de Documentação e o Centro de Interpretação. Com certeza uma visita surpreendente. 

Fonte: Site oficial do Santuário de Anchieta.

Fonte: Site oficial do Santuário de Anchieta.

Santificação

Em 22 de junho de 1980, o processo de canonização do Padre José de Anchieta foi iniciado pelo então Papa João Paulo II. E 24 anos depois, este processo foi encerrado pelo também Jesuíta Papa Francisco em 3 de abril de 2014, tendo-o declarado santo pela Igreja Católica e Apóstolo do Brasil. 

Em celebração de quatro anos de canonização, o Papa falou sobre Anchieta:

“Ele, juntamente com Nóbrega, é o primeiro jesuíta que Inácio envia para a América. Um jovem de 19 anos… Era tão grande a alegria que ele sentia, era tão grande o seu júbilo, que fundou uma Nação: lançou os fundamentos culturais de uma Nação em Jesus Cristo. Não estudou teologia, também não estudou filosofia, era um jovem! No entanto, sentiu sobre si mesmo o olhar de Jesus Cristo e deixou-se encher de alegria, escolhendo a luz. Esta foi e é a sua santidade. Ele não teve medo da alegria.”

 

Passos de Anchieta

Se você é uma pessoa aventureira, vale a pena conhecer os Passos de Anchieta. José de Anchieta foi um homem viajante, para além disso, um andarilho. Em sua última década de vida, se retirou para a aldeia de Rerigtiba, ao Sul da capital Vitória, e a cada quinze dias se deslocava a pé para a principal província do Estado para tratar de assuntos sobre o Colégio São Tiago. 

Passos de Anchieta

Passos de Anchieta. Crédito: Acervo 2019 do Site Oficial dos Passos de Anchieta.

Àquela época, o Espírito Santo era uma terra pouco conhecida, com densas matas e diferentes povos vivendo sobre seu território. Hoje, os Passos de Anchieta buscam recriar a experiência de caminhada que o Santo realizou em solo capixaba.

Sinônimo de fé, devoção e aventura, os Passos são guiados e formalmente realizados por pessoas de todas as partes do país. Descubra mais sobre os Passos de Anchieta aqui.