Independente da concepção que cada um tenha de Deus, peregrinar é um ato comum em quase todas as religiões, apesar de não ser estritamente uma jornada religiosa.
Diferentemente de uma viagem de lazer, uma peregrinação é uma jornada empreendida por um viajante com algum propósito, seja ele o autoconhecimento, a aproximação a Deus, o pagamento de promessas ou qualquer objetivo espiritual determinado.
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Na Antiga Mesopotâmia foram registradas as primeiras peregrinações da humanidade, no Antigo Testamento da Bíblia cristã já aparecem as jornadas de peregrinação, em que o povo de Deus caminhava unido rumo a locais sagrados, como a cidade santa. Já os gregos peregrinavam rumo aos oráculos e seus templos, enquanto os egípcios trilhavam o caminho no deserto até o templo de Amon, os hindus, na Índia, buscavam alcançar Benarés e os muçulmanos peregrinavam em direção à Meca. As primeiras jornadas de peregrinação cristã tinham por destino a Terra Santa e deram-se a partir do século III e IV, quando o Cristianismo tornou-se uma religião lícita.
Ao peregrinar, o próprio caminho escolhido já desempenha um papel importantíssimo, abrindo-se como um universo repleto de diferentes experiências e facetas a serem desbravadas pelo viajante, independente e complementarmente ao seu destino final. É muito importante salientar que para peregrinar, além de haver um propósito definido, é preciso ter muita disposição, tanto física quanto mental, para o contato com o diferente, com a natureza, com os locais sagrados e a própria introspecção em si. É preciso estar aberto às novas experiências, às novas realidades apresentadas e oferecidas pela jornada para que se possa transcender e realmente viver uma experiência única e verdadeiramente engrandecedora. Durante a caminhada, o peregrino depara-se com muitas novas realidades, passando longe de sua zona de conforto, o que aumenta instintivamente o discernimento de si, do mundo, de Deus e, o que é mais importante, o lugar de cada coisa em sua vida.
Uma peregrinação é uma busca incansável, que envolve força de vontade e uma mente livre e antenada, disposta a talvez encontrar mais novas perguntas do que respostas para suas questões fundamentais, mas sempre almejando novas perspectivas e melhor autoconhecimento, para que assim consiga relacionar-se melhor com o mundo de forma geral. Uma experiência de peregrinação, mesmo que a princípio não seja de objetivo puramente religioso, acaba sempre rendendo muitos frutos aos viajantes nos campos da espiritualidade, da iluminação e do descobrimento do real sentido da sua vida.